sexta-feira, 31 de julho de 2009

Noticias do Corredor Polones

Bem, pessoal, este e-mail é para matar a curiosidade e a preocupação de algumas pessoas por como tem sido meus dias nesse verdadeiro Corredor Polonês.


Como disse antes, a Polônia não é um país que tem muitos imigrantes e isso torna as coisas um pouco mais difíceis, mas a melhor parte é que meu projeto tem outros 3 gringos e estamos morando juntos com outro libanês. Tem também um bom grupo de estrangeiros, também trazidos pela AIESEC, que trabalham na Reuters, e todo este relacionamento com pessoas de diversos países torna a experiência aqui bem enriquecedora.


Ao mesmo tempo que é bom ter este contato diário com gringos, não é assim tão fácil morar com 5 pessoas diferentes. Pra você ter uma noção, nenhum de nós possui a mesma religião e temos 4 tipos de alfabeto diferente. Brincamos um pouco com a taiwanesa a respeito do nome oficial de Taiwan ser República da China, e com o egípcio porque ele tem o nome de um conhecido boneco, Ahmed o Terrorista (http://www.youtube.com/watch?v=ouDRDzqTu0M). Já conversamos um pouco sobre diversos temas como homossexualismo, preconceito, qualidade dos países e uma bela discussão sobre religião. Eu pessoalmente gosto destas discussões e elas são sempre muito amigáveis, sempre respeitando o outro, porque afinal, ninguém é maioria por aqui.



O inglês também é um negócio interessante. Quem me conhece sabe que não tinha um belo inglês, e no inicio era muito difícil entender o inglês que cada um fala, com diferentes formas de pronúncia. Depois de um tempo você acaba conseguindo entender umas 5 línguas diferentes, ao mesmo tempo, um inglês meio british, outro meio árabe, outro asiático, um ucraniano que é entre o britânico e o árabe, e o meu que é mais americano. Pra quem entende inglês, dá só uma olhada nesses vídeos: http://www.youtube.com/watch?v=gmOTpIVxji8 , http://www.youtube.com/watch?v=0GpQfss0Sko.


Ah, sobre a comida, não há muito o que falar. Tenho comido bastante, mas não o suficiente pra se comparar com o nosso maravilhoso arroz, feijão e bife. Tenho tentado fazer algumas coisas meio brasileiras, mas com ingrediente polonês é quase impossível. Nem a pizza deles é boa como a nossa, e também não tem a nossa frango com catupiry. A água mineral que a gente compra pra beber é pior do que a água da nossa torneira no Brasil. Mas não se preocupem com relação a essas coisas que tem tudo acontecido da melhor forma possível na Polônia.


No meio disso tudo, é muito bom ser brasileiro. Eu sempre ando com um dos árabes e com a “chinezinha”, e o pessoal sempre acha que eu sou o polonês da turma. Um professor perguntou pro egípcio e pra taiwanesa de que país que eles eram e já ia indo embora. Eu só falei: Hey, I’m not polish!!! E quando falei que eu era brasileiro, ele começou a perguntar um monte de coisa sobre onde eu morava, se era perto de São Paulo, Curitiba ou Porto Alegre. Quando eu falo que é próximo a São Paulo, umas 8 horas de carro, eles acham um absurdo, daí eu falo que é mais perto ir pra lá do que ir pra Amazônia. Outra vez, tinha um pessoal dando coca zero “di grátis”, daí o rapaz me deu a coca e falou tudo em polonês, como eu só queria a coca, num falei nada. Quando ele foi dar pra “chinezinha” falou tudo em inglês, e eu achando que ele não sabia como falar inglês. Por último, tem uns nigerianos morando no mesmo prédio que a gente, e encontrei com um deles. Comecei a falar com ele, e ele todo fechadão. Perguntei de onde ele era e depois ele perguntou se eu era polonês. Quando eu falei que era brasileiro, ele mudou totalmente e começou a me perguntar as coisas com aquele belo jeito africano de ser. E isso é só um pouquinho de como ser brasileiro no estrangeiro é bom.



O trabalho que tenho desenvolvido aqui tem sido muito bom. É uma aula de programação, de robótica, de criatividade e uma boa prática de inglês para alguns adolescentes. Pra nós, instrutores, não passa de uma boa brincadeira com Lego. Essa última semana, finalizou-se nossa segunda turma, e no fim é muito bom ver na cara desses meninos que eles vão sentir um pouco de saudade da gente. Isso compensa o que paguei e o que to 'pagando' nessa bendita Polônia.


Apesar de tudo, a Polônia é um lugar interessante. Conheci uma professora de alemão de uns 60 anos, ela me convidou pra ir à casa dela e tomar chá e comer bolo, eu que não sou bobo, fui lá. Ela e o esposo dela me contaram um pouco da vida deles, sobre o que a Polônia passou. Este país poderia ser como a Alemanha em nível de qualidade, mas foi destruído por duas guerras. Uma bela cidade histórica bem próxima daqui, Gdansk, que tem mais que 1000 anos de existência, foi destruída em 90% de seus prédios na primeira guerra. Bem próximo daqui tem muitos lugares turísticos e históricos para conhecer. Igrejas com muita arte como se pode ver em outros lugares na Europa e ainda tem algumas boas praias. Este fim de semana, fomos a uma península de barco, um lugar chamado Hel. A nossa intenção no início era só pra falar que fomos em Hel, mas no fim acabou que foi um ótimo lugar. Uma bela praia com boas ondas e uma pequena floresta com esconderijos de guerra. Dá pra ver que o ponto que estou morando é um belo lugar pra se passar estes dois meses que estarei por aqui.



Um grande abraço com o calor brasileiro,

Heber.

Héber Costa Ferreira é formado em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e está fazendo um DT (Development Traineeship) na Polônia.

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